Durante milhares de anos, o homem viveu com base numa economia de recolecção, caçando, pescando, e recolhendo o que a natureza lhe dava
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Por: Nuno Prates *
:: PALEOLÍTICO ::
O Paleolítico é o mais antigo e o maior período da história humana. É neste período, anterior à prática da agricultura, que vive um homem que está organizado socialmente em bandos, abrigando-se em grutas, cavernas ou acampamentos ao ar livre.
Era nestes locais, que faziam toda a sua vida, dormiam, alimentavam-se e faziam os seus utensílios. É a partir desses utensílios que conhecemos o homem que viveu neste período.
O Paleolítico divide-se em três períodos distintos: Paleolítico Inferior, Paleolítico Médio e Paleolítico Superior. É o Paleolítico Inferior e Médio que nos vai interessar, visto ser em Alpiarça que encontramos alguns dos sítios mais antigos de todo o país e que se podem datar na perfeição, uma vez que ainda possuem os seus estratos primários, ou seja, sem serem revolvidos.
O Vale do Forno onde se localizam as estações arqueológicas do Paleolítico Inferior e Médio
Vale da Atela
A região de Alpiarça, pela sua situação geográfica, (na margem esquerda do Tejo), apresenta vários níveis de ocupação humana desde o Paleolítico Inferior até à época romana.
A presença humana nesta região data de há mais de 100.000 anos. Os terraços fluviais do Tejo junto à vila fazem dela uma zona importante no estudo do Quaternário. Na zona do Vale do Forno foram encontrados depósitos e indústrias líticas datáveis do Paleolítico Inferior. Foram também descobertos vestígios de flora que talvez sejam anteriores à glaciação de Wurm, em que o vale do Tejo era uma planície húmida e verdejante provavelmente algumas semelhanças ao clima actual. É de salientar os vestígios de Pinus e Nuphar Luteum.
"Machados" de Milharós, no Vale do Forno **
A zona do Vale do Forno já é conhecida desde os anos quarenta, mas só nos anos oitenta é que começaram os trabalhos arqueológicos na zona de Milharós. A região de Alpiarça, pela sua situação geográfica, (na margem esquerda do Tejo), apresenta vários níveis de ocupação humana desde o Paleolítico Inferior até à época romana.
A presença humana nesta região data de há mais de 100.000 anos. Os terraços fluviais do Tejo junto à vila fazem dela uma zona importante no estudo do Quaternário. Na zona do Vale do Forno foram encontrados depósitos e indústrias líticas datáveis do Paleolítico Inferior. Foram também descobertos vestígios de flora que talvez sejam anteriores à glaciação de Wurm, em que o vale do Tejo era uma planície húmida e verdejante provavelmente algumas semelhanças ao clima actual. É de salientar os vestígios de Pinus e Nuphar Luteum.
Triedo do Vale do Forno e Biface do Vale da Atela **
A zona do Vale do Forno já é conhecida desde os anos quarenta, mas só nos anos oitenta é que começaram os trabalhos arqueológicos na zona de Milharós.
Na estação do Vale do Forno estão representadas a indústria "clacto-abbevilense", atribuída ao Acheulense Antigo, com bifaces pouco evoluídos e machados primitivos. Os materiais associados ao Acheulense Médio estão representados na camada 4, 5 e 6, pertencentes ao período interglaciar Mindel-Riss. Existem ainda utensílios considerados Micoquenses, atribuídos ao período final do Acheulense. Deste período há a destacar a presença de bifaces tipologicamente muito evoluídos, machados primitivos, mas tecnicamente bem executados. Destacam-se ainda a presença de utensílios sobre lasca (idênticos aos do Paleolítico Superior).
Os locais arqueológicos de Alpiarça são de grande importância pois os artefactos foram não só encontrados à superfície, como também no local origina da deposição.
Os artefactos com maior destaque são os bifaces (24) e os machados (13) em quartzite. Contudo foram também encontrados um pequeno biface em sílex, e outros artefactos como: raspadores, denticulados, entalhes todos sobre lasca, raspadores sobre seixo talhado núcleos e lascas.
Na região de Alpiarça podemos destacar em relação a este período as seguintes estações arqueológicas: Vale do Forno, Barreiro do Tojal, Vale da Caqueira, Quinta do Outeiro, Vale da Atela, Barreira da Gouxa e Vale dos Extremos.
Como provam as estações arqueológicas, a ocupação humana na região de Alpiarça data de há milhares de anos. Mas ainda não existem respostas para todas as perguntas, desta forma, seria muito útil e necessário fazer trabalhos de Arqueologia quer a nível da prospecção quer a nível da escavação.
A história local e a preservação do património podem ser o ponto de partida para a realização na escola de trabalhos que visem sobretudo o estudo de questões relacionadas com a terra onde vivemos. Nesse sentido é de grande importância que se façam estudos na escola que estimulem o pelo património local, quer a nível arqueológico artístico, etnográfico histórico, museológico ou sobre outras áreas do património cultural.
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* Licenciado em História, Variante de Arqueologia
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:: Locais Arqueológicos ::
Por: Eurico Henriques; Neli Martins; colab. Nuno Prates *
O homem habita a região de Alpiarça há milhares de anos. Assim o comprovam as estações arqueológicas já identificadas.
In "Cerâmica de Alpiarça - C.M. Alpiarça"
São célebres as necrópoles de Alpiarça, tendo-se empreendido há poucos anos a escavações que contribuíram para um maior conhecimento das mesmas, embora a sua datação e o contexto cultural continue um problema em aberto e a merecer a continuidade de uma investigação cientificamente conduzida.
A posterior ocupação romana é comprovada pelos vestígios encontrados que, não tendo a grandiosidade de outros existentes no país, testemunham a sua presença e a importância desta área.
A riqueza dos solos e a necessidade do seu aproveitamento para a agricultura explicam, em parte, o desaparecimento de muitos vestígios materiais. o desconhecimento ou a falta de sensibilização para esta temática poderão ter igualmente contribuído.
Deste modo pensamos que se facilitará um tomada de consciência para a salvaguarda e para uma mudança de atitudes para com os legados do passado, se for desenvolvido um trabalho de divulgação do património descoberto, acompanhado de medidas no sentido da sua preservação
A escola pode ter um papel activo neste processo, ao sensibilizar e motivar os alunos para o estudo da história local e, desta forma, estimular o gosto pela protecção do património.
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:: ESTAÇÕES ARQUEOLÓGICAS ::
Legendas:
1 - Nos altos terraços do Tejo - de 60-70 m, de 45-55 m - 650.000a.c.
· Vale do Forno, Barreira do Tojal no Vale da Caqueira, Quinta do Outeiro, Vale da Atela, Barreira da Goucha:
:: Instrumentos do período Abbvillense- Homo Erectus.
2 - Nos Terraços Médios do Tejo - de 20-40 m - 250.000a.c
· Paul da Goucha, Vale da Atela, Vale dos Extremos, Vale do Forno, Vale da Caqueira:
:: Instrumentos de Tayacense- Acheulense Médio-Homo Habilis.
Nos Terraços Quaternários, de há 100.000 a.c., Instrumentos Mustirenses - Levalloisence - Languedocense- Homo Neanderthall.
3 - Necrópole do Tanchoal - Campo de urnas - Período do Bronze final, Período do Ferro e Romano.
4 - Necrópole do Meijão - Período do Ferro.
5 - Cabeço da Bruxinha - Periodo Romano
6 - Alto do Castelo - Pré Romano e Romano - Castro fortificado
7 - Cabeço da Bruxa - Períodos Neolítico, do Bronze, do Ferro e Romano.
Os materiais recolhidos nestas estações e outras do concelho encontram-se depositadas nos Museus da Universidade do Porto, do Instituto Geográfico e Cadastral e na Casa-Museu dos Patudos.
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* Eurico Henriques, Mestre em Ciências da Educação
* Neli Martins, Licenciada em História
* Nuno Prates, Licenciado em História, Variante de Arqueologia
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:: DO BRONZE FINAL À ÉPOCA ROMANA ::.
Por: Nuno Prates *
Após uma pequena descrição do Paleolítico na Região de Alpiarça, vamos agora conhecer melhor as outras estações arqueológicas. O Alto do Castelo, o Cabeço da Bruxinha, o Tanchoal, o Meijão e o Cabeço da Bruxa têm uma cronologia posterior ao Vale do Forno.
O povoado do Alto do Castelo localiza-se numa elevação entre as necrópoles do Tanchoal e do Meijão, como não havia condições naturais de defesa foi construído uma muralha de terra batida antecedida por um fosso, que servia de defesa; o "muro" tem uma extensão que atinge os 1.150 metros e o "oppidum" (povoado fortificado) tem cerca de 30 hectares.
Esta estação arqueológica é conhecida, desde o início do século, por Mendes Corrêa e na década de oitenta é estudada pelo Instituto Arqueológico Alemão.
O Alto do Castelo possui uma cronologia anterior à época romana, por ter sido ocupado durante a Idade do Bronze Final ou Ferro. No entanto, não foi abandonado depois desta época pois sofreu também ocupação romana, visto que se encontram materiais à superfície do período romano. Este poderá ter sido um castro romanizado.
Fortificação no Castro Romanizado
Pensa-se que a fortificação é datada da época romana e foi construída em cerca de 140 a.C., quando as legiões de Décimo Júnior Bruto iam a caminho do Alentejo.
Os materiais desta estação são entre outros: mós, fragmentos de ânfora, uma ânfora completa feita à roda, moedas romanas e fragmentos de cerâmica comum.
O Cabeço da Bruxinha é um pequeno outeiro que, pela disposição em que está, parece ter sido separado do Alto do Castelo, por uma larga depressão. A separação poderá ter ocorrido por questões de defesa, ou até mesmo quando o Alto do Castelo era habitado.
A ocupação do Cabeço da Bruxinha data, provavelmente, da Idade do Bronze Final ou Ferro, mas sofreu também ocupação romana.
Os materiais que foram encontrados nesta estação arqueológica são da época romana, a saber: cerâmica comum e fragmentos de cerâmica de construção.
Cabeço da Bruxinha
Na região de Alpiarça também se conhecem necrópoles da Idade do Bronze Final: as estações do Tanchoal e do Meijão. O ritual funerário, utilizado nestas necrópoles, era a incineração. As cinzas daí resultantes eram colocadas em pequenas urnas cerâmicas e enterradas. É neste ritual que reside a diferença, sem antecedentes locais, este ritual poderá ser explicado como consequência de contributos de outros povos que vieram por via continental.
Ambos os campos de urnas (necrópoles) apresentam materiais cerâmicos, na sua maioria de engobe cinzento escuro, com diversas formas. Estas urnas, encontradas nestas estações, deram origem à designação de "Cerâmica de Alpiarça" e também de "Cultura de Alpiarça", bastante conhecida no campo da Arqueologia.
Estas duas estações arqueológicas situam-se próximo do Alto do Castelo. Do espólio encontrado nestas necrópoles, há a destacar no Tanchoal vários fragmentos de vasos de formas raras, várias urnas de tamanho médio e grande, um jarro feito à roda e um machado de gume curvo.
No Meijão foram ainda encontrados vários tipos de urnas de fabrico manual, taças carenadas de fabrico manual e vários fragmentos de braceletes de bronze.
Cabeço da Bruxa
O Cabeço da Bruxa localiza-se na Quinta da Goucha, a cerca de 600 metros a Oeste da estrada nacional 118 de Alpiarça a Almeirim. Consiste numa elevação de areia de cerca de 6 metros sobre a planície de aluvião.
Esta estação arqueológica já é conhecida desde a década de 30 e foi alvo de escavações arqueológicas feitas em 1979 pelo Instituto Arqueológico Alemão.
O Cabeço da Bruxa durante o Calcolítico era um povoado. Existem materiais arqueológicos chamados ídolos-cornos e a cerâmica campaniforme, que provam esta ocupação. Durante o Bronze Médio, o Cabeço foi ocupado como necrópole onde foram encontradas, pelo Instituto Arqueológico Alemão, três urnas "in situ", com espólio associado. Durante a época romana, este local é ocupado como povoado.
Os materiais arqueológicos encontrados no Cabeço da Bruxa têm várias cronologias. Foram encontrados alguns materiais da Pré-História, nomeadamente lâminas de sílex e machados líticos, ídolos de cornos, fragmentos de vasos campaniformes, urnas e braceletes de bronze. Da época romana vários fragmentos de cerâmica comum e fragmentos de uma lucerna do século I d. C., fragmentos de terra sigillata hispânica e terra sigilatta clara, foi também encontrada uma moeda de cobre hispano - cartaginesa, provavelmente datada do último quartel do século III a . C..
A estação localizada na Quinta da Goucha é uma das estações arqueológicas de Alpiarça, ocupada desde a Pré - História até à época romana.
Segundo alguns autores, no termo de Alpiarça passava uma das vias romanas em direcção a Mérida, como prova desse facto são os vários marcos miliários encontrados, dedicados ao Imperador Trajano.
* Licenciado em História, Variante de Arqueologia